sexta-feira, 5 de março de 2010

PUDERA

Pudera ter perante meu triste olhar,
Ao vivo e a cores,minha mãe querida.
Eu pegaria as suas mãos para beijar,
No mesmo momento,logo de saída.

Se eu a visse,por certo,iria cessar
Essa lágrima da minha face sofrida.
Longe,cada hora é um ano a passar...
Uma dor a mais represada,sentida.

Os meus dias quando eu era petiz,
Não se comparam aos de hoje em nada,
Aqueles eram muito mais primaveris.

Pudera,ó mãe, criatura sagrada,
Ver-te para me sentir um pouco feliz,
Só isso eu queria e mais nada,nada.

VIDA ERRANTE

Pela vida tenho andado ao léu,errante,
Confesso que detesto essa condição!
Mas se é Deus quem mostra a direção,
Não posso nem devo franzir o semblante.

Como muitos,eu também,comi o pão
Que o diabo amassou,e,todo instante,
Rogo a Deus que é meu doce calmante
Que não me deixe perder o rumo,a razão.

O lado bom dessas minhas andanças,
Foi a experiência de como viver
Nesse mundo entremeado de dores.

Como eu invejo as pequenas crianças
Que ignoram todo e qualquer sofrer,
Por nutrirem um mundo só de flores.

(Retirado da obra "LIVRO DE SONETOS")

AOS QUE SE DIZEM, OU SE SENTEM DONOS DE ALGUMA COISA...

São fúteis os teus dizeres e os teus sentires sem o embasamento da idônea humildade.
Não se deixe ludibriar assim...Assim sem um norte que fundamente os passos teus, de modo conciso.
Não se deixe arremessar por asas de cêra como Ícaro,pois podes despencar aos primeiros raios de sol da verdade viril e que dói sempre.
Jogai no chão todas as capas ilúsorias,todos os anseios duvidosos,sem ritmo e que bailam ao vento.
Há um batalhão de sonhos perante teus perscrustadores olhos;
E por sobre donos passados,um oceano de flores e de rosas que já perderam seus perfumes.
Trabalhai com a sapiência etérea que não falha porque usa o silêncio como um modo de confirmação
da sua integridade e imaculada existência.
os instantes não levam em conta teus sentimentos de propriedade que são efêmeros,grosseiramente falando.
No teu derradeiro segundo de fôlego,certamente,lábos hipócritas se levantarão contra ti;
Cuspos e terras serão as últimas homengens que,alguns farão,na surdina,em tua memória.
Mune teu ser,cada cantinho dele,com todas as flores imortais que habitam nas coisas mais sutis e mais simples que os olhos não veem,mas que o coração reúne todos os atributos para retê-las e distribuí-las aos que esperam,por alguma mão, serem soerguidos de alguma poço de lama podre.
És dono de um vácuo inexplicável,talvez infindo.
olhai o céu e enxergai a tua verdadeira pátria.
Todos os teus sentires e dizeres não podem vagar ao léu.
Sorria.Ó donos!Hás de sairem desse labirinto estéril;
Hás de deslumbrares sóis de raios penetrantes,não de centésimos de segundos,ínfimas imagens de algum material oco,vindo de alhures...inventados.
Mas,de horas incessantes,dentro do tempo que não estaciona para tomar fôlego,pois o tempo de passar não cansa,como cansais vós nas horas que já passaram.
Todos os artíficios são pedras lançadas num mar sem vida e sem consistência própria.
Palavras.Palavras,dardos que nos seus trajetos,repousam em algum êrmo coração como sementes plantadas para,talvez serem ressuscitadas numa precisa situação do caminhar,longo ou curto,de alguns passos que se procuram e que ainda não se acharam.
Prazeres vãos ladeam os olhares hodiernos e frutificam, de modo incoerente,e laçando outros adeptos que não veem que a escada de Jacó foi apenas um sonho.
Cadê a razão? Onde se oculta a luz da sensatez? Apagaram as luzes? Tais luzes?
Pobres apagadores das tais luzes.Seres desprezíveis são vocês,imbecis,crápulas que cerceiam todas as luzes da razão e da sensatez.
Voltai atrás e contemplai as flores que poderiam ser belas com todas as cores das palavras certas,nas horas certas (e porque não incertas?).
Ignobéis donos,ociosos donos (por falta ou ausência da razão),não tenho receio de vós,tenho pena.
Fiquem com suas coisas...O que são coisas? Se todas as coisas,um dia,adentrarão o nada,o vácuo?
Nada quero de vós,muito menos,opiniões.
Certas ou erradas,guarde-as para vós para uso próprio.
Deixem-me caminhar,e também,outros.

(Retirado da obra "PÓ E MAS...")

MINOTAURO

A terra é um imenso labirinto,
E o tempo um minotauro temido
Que devora vítimas,diariamente,
Vorazmente,a cada instante,hora.

Somos muitos Teseus a procurar
Com o fio da esperança a saída,
O bem viver tão sonhado, ansiado.
Matar o minotauro é impossível

Porque não dá para vê-lo,tocá-lo,
De fato,concretamente.Se houvesse
Uma maneira, mas não há, de poder

Subjugá-lo,quiça,uma chance,uma,
Viesse à tona,e definitivamente,
Triunfaríamos sobre o minotauro.

(Retirado da obra "LIVRO DE SONETOS")

terça-feira, 2 de março de 2010

MILAGRES

Sempre cri nos milagres, sempre crerei.
Não sou agnóstico, creio no poder divino.
Pegunto: Será que vale a pena viver,
Essa existência, sem milagres? Não vale.

O ar que respiramos é um milagre, sim,
A esperança que sentimos é outro, outro.
Os cinco sentidos é um belo conjunto
De milagres, enfim, toda a vida, em si.

Tudo de bom que existe é um milagre.
São tantos milagres que nem percebemos.
Em cima, embaixo, atrás, na frente...

Oh, Deus, onde estiveres, muito obrigado,
Por todos os milagres que existem,
Que percebo e que não percebo, oh Deus!

DE AMIGO PARA AMIGO (MAURO J. DE MORAIS)

Amigo, sê bem-vindo ao meu coração,
Creia, é um júbilo inefável à mim,
Colocar teu nome nesse vasto jardim
Que não pulsa, creio,uma hora em vão.

Uma amizade lhana jamais tem fim,
Heroicamente resiste a todo tufão,
Resiste a mais tortuosa estação,
Mantém-se, ali, firme e forte,enfim.

Ao leres este tosco soneto, amigo,
Sinta do meu amplexo a presença,
A luz de uma pura, sincera amizade.

Rogo a Deus que esteja contigo,
E que, cada dia, torne mais intensa
Essa luz, laço eterno de irmandade.