domingo, 27 de junho de 2010

A TERRA ALHEIA

A terra alheia
Tem sido um lar para mim.
Mas não olvido as minhas origens
Que continuam vivas e fortes
Na minha memória.

Fiz da terra alheia
A minha terra.
Ela fervilha no meu ser
de uma maneira bela,distinta.

Amo a terra alheia
Como a minha própria,
Pois,ela,de igual modo
Como a minha,também,
Tem seu brilho e valor.

VERSOS A RUA GRANDE (Rua comercial de São Luís-MA)

Rua Grande
É em ti que o povo ludovicense se acumula,
Pelo teu movimento comercial
Entre as tuas duas calçadas.

Rua Grande
Tu és grande muito mais no meu coração.

Rua Grande,
Quantos pés já não pisaram as tuas vetustas pedras?
Não só os dos que já se foram,
Mas os dos habitantes hodiernos.

Ó Rua Grande,
Viro menino,
Fico feli quando penso em ti!

DISTÂNCIA

A distância é algo,peremptoriamente,doloroso.
Quem se acha distante dos seus que o diga.
Estar distante é sentir-se isolado,as vezes,só.

A hora mais triste é quando dar por si,pois,
Nessa hora,sente-se inerme,impotente,perante necessárias presenças de outrem...

A distância gera saudades.Gera lágrimas.
Faz quem se acha distante,transportar-se sempre,em pensamentos, para as suas origens.
E ter a melancólica certeza de ter perdido alguma coisa,ou algum tempo,talvez,irrecuperáveis.

Como é dolorosa a distância!
Objetos,coisas e lugares são de somenas importância ante as presenças dos que estimamos.
Os objetos,as coisas e os lugares continuarão...
Mas as presenças teem um tempo determinado.
E a consciência dessa verdade,torna a distância,peremptoriamente,mais dolorosa.

NÃO DEIXEMOS

Não deixemos que a chama do amor se extinga,
O amor é o último refúgio que temos para abafarmos tanto egoísmo e ódio existentes.
Não desvalorizemos o amor.
Procuremos dar a reverência que o amor ocupa no nosso ser,
Necessitamos amar e ser amados.

Quem ousa dizer que não necessitamos de amor não é um ser humano.
O amor está à nossa disposição.
Será que desaprendemos a mexer com ele?
Será que regredimos a tal ponto?
É no amor que temos a grande chance de nos redimirmod com Deus e com os homens.

Não,não deixemos o amor agonizar.
Se ele agonizar,ai de nós!
Sem amor estamos todos mortos,
A vida perderá o que tem de melhor.

DE QUEM?

Sou do mundo,
Mas o mundo não é meu.
De quem será o mundo?
Será do crente ou do ateu?

Vivo no mundo
Porque neste mundo nasci.
Não faço ideia como
É o mundo que a morte
Me obrigará a ir.

Esse mundo é meio louco(ou todo?),
Nele só há confusão.
Creio que o outro,
Deste,seja,a inversão.

MINHA ETERNA RUA NOVA

Minha eterna Rua Nova,
De d.Joana,de d.Bárbara
Sempre sorridente,cantante.
De seu Baixinho com as suas redes
No seu andar ébrio,cambaleante.

Minha eterna Rua Nova,
De d.Josefa,Zeca,Tereza,
D.Glória,seu Manelão,
D.Jósima,d.Isabel,
D.Nicinha e seu João.

Minha eterna Rua Nova,
De seu Antonio,d.Chiquinha,
Ivana,Cristina,Zezinho
Pezão,Cacá,Zequinha e Manduca,
Moisés,Josefina e Pedrinho.

Minha eterna Rua Nova,
De seu Zé da quitanda,Pacheco,
D.Mocinha,Nilton,Boca,seu Dico,
Tarquínio,Neto,Cate,Irapuã,
Cabloco,Guri,Zé Rosa e Vadico.

Minha eterna Rua Nova,
De Roberto,Ruth,Rubão,Rui,
Malazarte,Nato,Candinho,
Filho,Pirrón,Feio Total,
Bomba,Cunhim e Luizinho.

Minha eterna Rua Nova,
De d.Paula,Concita,Gilsão,
Zé Maria,Souza,Heloísa,
Seu Estêvão,velho Morais,
Rosa,Tavinho,Luís e d.Luísa.

Minha eterna Rua Nova,
De seu Antonio Lima,d.Maricota,
De vitória,Vilson,Bimba,
Washington,Vilma,Marília,
Ângelo,Rogério,Cláudia,
Todos da minha família.

Ó minha eterna Rua Nova,eu te amo!

O PENSAMENTO, O CORAÇÃO E OS OLHOS

O pensamento viaja sempre na frente
Quando viajamos para algum lugar.
Quantas idealizações ele não cria!?
Quantos instantes não tenta antecipar!?
E o coração? Esse pulsa ansioso
Como se quisesse do peito pular.
E,em cada ponto que para a condução,
Ele,junto,parece que quer parar.

O pensamento veloz lá está esperando...
Esperando a chegada do coração
Que não se contém em toda viagem,
Aflito,pela derradeira estação.
Pobre coração sempre chega depois
Do pensamento que não cansa de viajar.
E quando,ambos,se encontram,afinal,
Dão vez aos olhos que se põem a chorar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

TERRA PROMETIDA

Hás de vislumbrares a terra prometida.
Antes é mister que remova todos os seixos,
Todos os abrolhos que cerceiam teu percurso
Que pode ser longevo ou curto,
Depende da luz que levas contigo.
Quiça,nesse instante,nada vês,não é?
Não se deixe lograr pelas névoas da ilusão
Que querem te fazer retroceder,
Deixar de crer que o que sonhas
São miragens de deserto,sem sentido.
Não, não retrocedas,pise firme,avante!
Tape os ouvidos às falas dos pessimitas,
Muitos,acharás a cada passo que deres
E te pedirão para,como os amigos de Jó,
Amaldiçoares o Deus que te conduz,
Em surdina,rumo a terra prometida.
Não perca de vista,mesmo tênue,
A luz da esperança e da fé que pulsam
No teu ser.Erga-se toda vez que caires,
Converte as tuas dores em motivações
para continuares seguindo pela estrada...
Saiba que nada do que é duradouro
É alçado com facilidade,
Chegará em tuas mãos suavemente,
Sem dispenderes uma gota de súor sequer.
Desconfia do que vem sem nada teres feito.
Busca o merecimento,isento de ganância,
Pois o que é teu hás de contemplares,
De modo cristalino e inesperadamente
Quando não mais tiver o mesmo brilho
Que outrora te encantava e consumia
longas horas de profundas reflexões.
Planeja a tua obra com contentamento,
Com liberdade, ausente de amarras
Que podem enegrecer o que do teu ser
Brota para a contemplação dos outros homens.
Busca a tua verdade,sabendo de antemão
Que caminha com a tua,paralelas,
Outras verdades nem sempre verdades.
Não fiques macambúzio se a tua voz
For mais uma voz,de outros tantos
Jões Batistas que já viveram ou vivem
Buscando uma acolhida satisfatória.
Não vá com tanta sede ao pote,
Vá com cautela e não se deixe lograr
Por um colorido que pode ser vão.
A prudência é uma amiga aconselhável
Em quaisquer circunstâncias da vida.
Espreita a rosa com a mister ternura,
Sem olvidar os seus espinhos
Que a circundam e que muitos
Se ferem pelo tolo arrivismo.
Os sonhos são perfumadas rosas,
A não realização são espínhos
Que doem n'alma de quem ficou,fica
Pelo caminho só a esperá-los,
Sem os terem semeados objetivamente.
Como querer algo que não se busca?
Todos os que venceram lutaram
E não se abateram com os óbices
Pelos caminhos íngremes que percorreram.
O céu é mais longíquo...
E para se chegar lá,urge transpor
A sua porta estreita e diminuta.
Quanto ao hades está logo ali...
É preciso que olhes pra frente
Com o coração inflado de esperança
E se conscientize que o instante
Presente é o mais relevante de todos.
A terra prometida pode está,
Quiça,a um passo,num piscar de olhos.
Portanto,tira da dor sentida
Algum útil ensinamento para o que espera
por ti e que tanto anseias aurir.

ANÔNIMATO

Admiro o anônimo sútil,
Isto é,o anônimo culto.
O ameaçador e inútil,esse,
Tem o meu total desprêzo.
O anonimato é uma forma
Complexa de não querer
por alguma razão vir a ser conhecido.
Concordo com o anonimato que não leva
Em si fins ridículos,obscuros
E sem sentido plausível.
Extraindo tudo isso,ser
Anônimato é uma saborosa arte.

DEIXEMOS

Se algo escapole à razão humana
É porque esse algo não pertence
A sua esfera que é limitada ao após...
E que não penetra o insondável.
Um dos exemplos é o amanhã que,
Não sabemos como será realmente,
Ou seja lá o que for,ou a que horas,
Nem a permanência da própria vida.
Deixemos o que não tem explicação
E desfrutemos o que tem e não
Sabemos por onde começar a começar.
Como querer explicar o inexplicável?
O inexplicável é para ser sentido
E dar sentido,talvez,ao explicável.

A LUÍS AUGUSTO (In memoriam)

Pela linha de trem íamos andando,
Eu e tu,como dois irmãos de verdade,
Rumo ao Luís Viana,conversando
Tudo que na telha dava vontade.
Sentia inveja da nossa amizade,
Quem nos via,por ali,sempre passando.
Pena que te foste na flor da idade...
Rogo a Deus que esteja,por ti,velando.
Foi na sala de aula,lembro muito bem
Que debalde,amigo,eu te procurei.
Pensei:Ele não veio,amanhã ele vem!
Mas tu não vieste,meu querido amigo,
Porque foste para o além...Mas eu sei
Que tu nunca deixaste de andar comigo.

MESMO LUGAR

Nunca sabemos,ao certo,nosso destino,
Quando nesse imenso mundo chegamos.
O melhor tempo é o tempo de menino
Próximos daqueles que mais amamos.
Quando crescemos parece que nos largamos,
Batemos cabeça, aqui e ali,sem tino.
E se estamos alhures,muito choramos.
Será que nisso há o dedo divino?
Mas o mais curioso é que todos nós,
Quase,detidamente,não paramos pra pensar,
No exato momento,no momento empós...
E no final da vida,sem sequer imaginar,
Cada homem,iludido com a própria voz,
Acaba voltando para o mesmo lugar.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O OLHAR DO MEU PAI

Veio comigo a funda tristeza que sentiste na rodoviária ao me veres,outra vez,partir para alhures.
O teu olhar de tristeza fez morada no meu olhar
Que ficou mais triste do que é,de como sempre foi.
Ali,na rodoviária,a inquietação do teu olhar dilacerou o meu ser.
Não sei onde consegui forças para conter-me!?
Talvez,os ditames do destino vieram me acudir e me fazer compreender da necessidade daquele momento.
Pai,o brilho do teu olhar ficou fixado na minha memória desde esse distante dia...esse triste dia.
Esse dia perdeu-se no labirinto do tempo que não cansa de passar,
Mas que persiste em me fazer recordá-lo quando me levaste na rodoviária,
Creio que contra o verdadeiro desejo do teu coração de pai zeloso que sempre foste.

AS CARTAS DE MINHA MÃE

Mãe,porque me privaste de receber as tuas cartas?
Elas que me traziam as boas novas tuas;
Elas que me deixavam a par de nossas notícias familiares;
Elas que confortavam o meu coração ao saber que todos os que amo estão indo bem;
Elas que amainavam um pouco da muita saudade,da qual, sou prisioneiro;
Elas que traziam refrigério,mesmo ilusório,ao meu ser.
Será que as cartas já estão ultrapassadas?
E se não estão porque não me escreveste!?

sábado, 19 de junho de 2010

IRMÃOS DUAS VEZES (A Washington Lima, meu irmão)

Somos irmãos duas vezes.
Uma de sangue mesmo,
Outra, de exílio,
Como nos encontramos,
Em lugares distintos.

Não sei quando, mas
Hei de ver-te, outra vez.
Sinto saudades do tempo
Que éramos meninos!
E as nossas brigas?
Hoje, elas soam inúteis.

Crescemos, meu irmão,
E o mundo com as suas
Mãos de ferro corrompeu-nos,
Incutiu-nos coisas profanas,
Mas não esqueçamos
As coisas boas e sãs
Que nossos pais nos legaram,
Elas vieram primeiro.

QUANDO SAIR DA CASA DE MEUS PAIS

Quando sair da casa de meus pais,
Não sair pelo simples capricho de sair.
Sair por um acontecimento natural
Que as palavras sagradas da bíblia
Não me deixam,de modo algum,mentir.

Mais cedo ou mais tarde,essa saída
Era inevitável,tinha que acontecer.
Eu não ia ficar a vida inteira
sendo sustentado pelos meus pais,
A minha própria vida eu tinha que viver.

Ia chegar uma hora que eu tinha
Que partir para a luta,lutar pelo pão.
E essa hora,de chofre,bateu as portas,
Achando-me inerme,desprevenido,
Inexperiente e sem direção.

Mas o que eu sequer tinha pensado
É que a minha sorte estava noutro lugar,
Longe dos olhos dos que tanto amo,
Longe dos seus conselhos e auxílios,
Que,vez por outra,eu poderia precisar.

Eu tinha,de uma maneira ou de outra,
Dar o meu jeito na selva de espinhos...
Com suas armadilhas todas espalhadas,
A cada passo,com os pés já fatigados
De tantos caminhos e descaminhos.

Quantas vezes,com o olhar perdido
No horizonte,pensei retrocerder!?
muitas foram essas vezes,muitas...
Mas a esperança na vitória final
Impelia-me avante,a não esmorecer.

Algo que nunca perdi é a esperança,
Na minha caminhada louca,sem destino,
por lugares estranhos aos meus olhos.
Ah,que vontade que me vinha de chorar,
Forte,altissonante como um menino!

Era Deus quem me dava forças para seguir,
Ele quem me conduzia com a sua mão
Invisível,quando eu me sentia desamparado,
Sem uma mão amiga que pudesse soerguer-me,
Eu que,de vez em quando caia no chão.

Quando sair da casa de meus pais,
Comi o pão que o diabo amassou,
Bati a cabeça por muitos lugares.
Mas tudo isso hoje é passado,
Foi uma tempestade que veio e que passou.

Esse era o meu destino,e por mais
Que eu quisesse evitar não tinha jeito.
Pois já estava escrito que tudo isso
Eu tinha que sentir na pele,um dia,
Além de dores,saudades no peito.

AO OCTOGENÁRIO SR. ANTONIO LIMA (Meu pai)

Só tu sabes a senda íngreme
Percorrida até chegares na casa dos oitenta!
Tenho,unicamente, tênues ideias,
Conjecturações de horas tristes
E alegres que viveste pai.
Os óbices foram muitos,eu sei!
Tens o corpo lasso de tanto caminhar.
Trazes no alforje do coração
Estórias que se pusesse em livros
Seriam belas e interessantes,penso.
Tens contigo uma alma jovem,
Pois,o corpo sente o peso dos anos,
Mas a alma,esta,a cada aurora
Faz o rumo inverso,volta a ser criança.

Oitenta e cinco anos! Forrados nos liames
Da humildade de homem interiorano
Que se adaptou aos tormentos da urbe,
Não porque quis,mas forçado
Pelas contingências que a existência dorida impõe.

Oitenta e cinco anos, com o olhar ainda cintilante
De esperança,luz sublime,posta,
No coração dos que creem que o porvir
Será sempre melhor,quando se vive com ardor
O presente,como vives,meu querido e amado pai.

Lutas ferrenhas travaste
Na busca do cotidiano pão.
Teu semblante queimado de sol,
Impera nítido no pensamento
Deste teu filho que o tempo,
ininterrupto,fez poeta e sonhador
De coisas absurdas neste mundo.

Nestes teus oitenta e cinco anos,
Receba no coração essas palavras,
Como um amplexo forte e eterno,
Ornado com a mais casta sinceridade
Que há no coração e n'alma
Deste poeta que é o mais novo
Dos teus quatro filhos homens,
Que Deus pôs sob a tua tutela,
Dos cuidados teus na terra
E que, carinhosamente
E orgulhosamente te chama de pai.

Parabéns, meu leal amigo,
Querido eterno do meu coração.
Que Deus conceda a tua velhice
Como prêmio de merecimento
Somente dias bons e felizes.
E que tu recebas em dobro,
As coisas boas que,um dia,deste
A quem Deus deu a oportunidade
de passar pelo teu caminho.

Meu eterno muito obrigado,pai!

terça-feira, 1 de junho de 2010

A RUA DESERTA

Cadê o rumor das vozes?
Não há rumores de vozes.
A rua está deserta,
A rua está mortificada
Pelo mortificante silêncio.
Não ouço risos nem choros,
Não ouço gritos nem lamentações,
Não ouço nada,
pois o silêncio dá uma sensação
De um nada triste e medonho.

Por outro lado,em mim,
As vozes tumultuam,
É uma algazarra só.
Fora,na rua deserta
Tudo é silêncio sepulcral
De fazer chorar.

A rua deserta é inútil.
É preciso haver um movimento,
É preciso haver uma manifestação,
É preciso que a vida não se deixe
Abater e quebre as correntes
Do silêncio,e que não sintamos
Anormalidades se passarmos
Por alguma rua deserta.
Pior do que uma rua deserta
É um coração deserto,
É um sentimento vazio,
É um olhar sem luz,
É uma palavra de maldiçao.

Cadê o rumor das vozes?
Quero ouvir as vozes
Dos transeuntes,dos conhecidos,
Das crianças, das mulheres,
Enfim, alguma voz que venha
Quebrar o silêncio da rua deserta.

OLHAR PARA TRÁS

Olhar para trás é padecer,
Não uma,ou duas,mas muitas vezes.
Urge olhar para frente,
Mesmo que não olhemos nada.
É preciso continuar sonhando
Com coisas sublimes, boas.
Crer que os instantes passam
Mas, não em vão como muitos pensam.
Os dias novos hão de trazer sóis coloridos.
Flores consistentes
Que fazem a vida digna, bela.
Lançar os olhos para trás
É buscar ser massacrado
Pelas nuvens negras das dores,
Pelas unhas plúmbeas da saudade
E quase não sentir alegrias,
Jóias raras no estojo do coração
E no veludo diáfano d'alma.
Não vos maltrateis,
Avivando tralhas,destroços
De um tempo que já se foi e fede a bolor,
E que em conluio com as traças
E os fungos das horas
Extinguiram,quiça,a melhor
Parte de nossa existência.